Sim, em tempos eu tive uma familía, tive alguém com quem partilhar a minha cripta, alguém com os quais eu sentia que tinha a obrigação de alimentar, de tratar, tive uma parceira e um filho.
Ela chamava-se Jemna e era a vampira mais bela que eu já tinha visto, nunca conheci ninguém digno de tal elogio como ela, cabelos sedosos, olhos vermelhos, cor de sangue vivo...
Estava eu na rua à procura de alimento como leão esfomeado na savana e decido entrar no metro, pois àquela hora são poucas as pessoas que por lá andam e quando lá chego deparo-me com algo estranho, o metro parado na linha sem condutor mas, além disto, outra coisa me chama a atenção, uma mulher de costas, que penso eu? Alimento... Com toda a minha pericía de caçador preparo-me para uma investida mas qual é o meu espanto quando vejo que não se trata de uma mulher qualquer mas sim de uma vampira a alimentar-se do condutor do último metro da noite! Ela vira-se e vê-me e qual é o meu espanto quando ela me pergunta se quero um pouco... Fiquei petrificado, qualquer vampiro defenderia com todas as suas forças uma gota de sangue e esta, esta vampira a oferecer-me? Aceitei sem demoras, como poderia recusar? A fome apertava, não podia desperdiçar e então revelei meus caninos perante ela e aquele cadáver com sangue a escorrer pelo pescoço jovem mas trucidado e bebo com prazer...
Sinto-me satisfeito..
Depois da refeição saímos os dois da estação subterrânea do metro e conversamos, percorremos todas as nossas vidas por palavras, ficamo-nos a conhecer um ao outro como nunca tinhamos conhecido ninguém, era o destino, um cruzamento de sangues que estava predestinado a acontecer e não lhe resisti, ela tinha de ser minha desse por onde desse, além de que eu sabia que estávamos no Jullard, não podia perder esta oportunidade, por isso convidei-a a ir à minha cripta, a conhecer onde eu morria..
Chegamos ao cemitério e entrámos na minha cripta, a atracção pareceu ser mútua e então não foram precisas palavras para acontecer. Com os nossos caninos de fora rasgámos a roupa um do outro, percorri todo o seu corpo de pele branca e gélida e aconteceu... ali no meu caixão de veludo vermelho ligámos os nossos dois corpos num só e gerámos algo terrorífico, algo que iria ser o nosso começo e o nosso fim....
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